RU486 : UMA CAMPANHA MENDAZ
Um exemplo de desinformação
Anexo
Notas

UM EXEMPLO DE DESINFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Etienne Baulieu e o RU 486

Inclusive aqueles que não se interessam muito pela atualidade científica devem ter ouvido falar de dois assuntos recentes que tiveram ampla repercussão na imprensa.

O primeiro envolvia um diretor de pesquisa do Instituto de Estudos e Pesquisas Médicas da França (Institut d'Études et de Recherches Médicales -INSERM), Sr. BENVENISTE, que dizia haver demonstrado experimentalmente sua afirmação de que a água tem uma memória. A revista NATURE, que é um referente internacional, publicou primeiro a "descoberta", e depois, temendo que se tratasse de um engano, fez repetir os experimentos por seus próprios especialistas. O resultado foi negativo. Erro ou engano, o assunto concluiu numa "não-intervenção". A reputação da ciência francesa não saiu particularmente favorecida; a emoção, e depois a ironia, da comunidade científica internacional introduziu uma certa desonra, que muitos pesquisadores comprovam nos colóquios e congressos profissionais. . O Sr. BENVENISTE, por sua parte, esteve a ponto de ver suspendidas suas funções no INSERM, e só foi restabelecido graças à boa vontade que tem em favor dele seu diretor geral, Sr. LAZAR.

O segundo escândalo foi o da "invenção arrebatada" a Dominique STEHELIN, diretor de pesquisa no Conselho Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) e professor no Instituto Pasteur de Lille. Apoiando-se no seu prestígio internacional, STEHELIN denunciou vigorosamente su evicção do Prêmio NOBEL de Medicina 1989. Tal galardão foi atribuído, no dia 9 de outubro, exclusivamente a dois médicos norte-americanos (BISHOP e VARNUS), pela descoberta da origem celular dos oncogênicos retrovirais, apesar de que ele tinha feito uma contribuição que, aliás, ninguém nega. A injustiça foi reconhecida pelo Sr. CURIEN, Ministro francês da Pesquisa, quem deu seu apoio a Dominique STEHELIN. Este último acaba de apresentar um pedido de reparação ao Comitê NOBEL, o que constitui um "acontecimento excepcional", como observa LE MONDE na sua edição de 12-13 de novembro de 1989.
É possível falar em "desinformação"? O Sr. STEHELIN, de algum modo, faz uma qualificação de seu próprio caso, que o inclui praticamente nessa acepção, já que escreve, na sua reclamação ao Comitê NOBEL : "Solicito que o Comitê NOBEL encontre uma forma de respeitar a história desta descoberta, que está sendo reescrita como conseqüência direta da intervenção do Comitê. Peço-lhe que repare o prejuízo que me provoca pessoalmente, e que provoca a si mesmo, ao deformar uma realidade objetiva em outra que deixará de sê-lo".

Quase ao mesmo tempo, em 27 Setembro de 1989, é outorgada em NovaYork outra recompensa, a mais prestigiosa depois do NOBEL : o Prêmio LASKER de Medicina. Em Medicina clínica o premiado foi Etienne BAULIEU, e toda a imprensa atribui esta distinção ao RU 486. E aqui estamos, sem nenhuma dúvida, na presença de um verdadeiro caso de desinformação.

O RU-486 (ROUSSEL-UCLAF molécula N°486) foi patenteado no dia 11 de Junho de 1982 por TEUTSCH, PHILIBERT, TORELLI e DURAT. A patente foi estendida à Europa no ano seguinte e uma nova invenção - com associação de prostaglandinas - foi outorgada no dia 22 de Novembro de 1984. Nenhuma destas patentes menciona o nome de BAULIEU.

E agora toda a imprensa, a médica e a geral, nos repete esta "verdade" : o senhor BAULIEU recebeu o prêmio LASKER devido ao RU 486. Não houve protestos, os verdadeiros inventores não disseram que tinham sido eles os que registraram a patente, e portanto, descobriram a molécula, e não BAULIEU.

Não fazemos aqui uma abordagem moral do aborto . trata-se dele realmente - apresentamos, porém, os fatos, acontecimentos conhecidos pelos cientistas e pelos observadores informados.
Desde o "affaire" RU 486, que data de Outubro-Novembro 1988, após a suspensão e o posterior reinício de sua fabricação, certos jornalistas supostamente especializados, comportando-se mais como responsáveis de imprensa, e inclusive como lobistas que como verdadeiros jornalistas científicos, nos repetem este postulado: BAULIEU fez descobertas originais.

A indicação do RU 486 - patente de 1984 . é feita com uma associação de prostaglandinas. O inventor desta utilização das prostaglandinas é o professor Marc BIDGEMAN, do Instituto Karolinska de Estocolmo. Nunca se falou dele, não só para o prêmio LASKER, tampouco em toda a informação publicada sobre o RU 486. Também não se diz que essas prostaglandinas foram abandonadas pelos suecos para sua utilização abortiva a partir dos anos 60, mais por razões técnicas que por motivos éticos.

Por que tudo isso ?
O RU 486 é uma molécula baseada numa atividade anti-glucocorticóide, terapeuticamente útil para tratar os pacientes afetados pela doença de Cushing, que se caracteriza por uma superprodução de glucocorticóides. Isto não interessava ao Sr. BAULIEU, que não é o inventor desta molécula de exclusiva finalidade terapêutica. Só quando se conheceram as ações anti-progesterona dessa molécula, o Sr. BAULIEU se interessou por ela. A progesterona é um hormônio indispensável para a continuação da gravidez, e se descobriu - praticamente por acaso - que o RU 486 tem a capacidade de inibi-lo temporariamente. Não é uma descoberta extraordinária. ROUSSEL já possui o RU 23, que poderia ter sido utilizado com essa mesma finalidade.

O RU 486, aliás, é eficaz em apenas 70 % dos casos, aproximadamente. O que se oculta é que os suíços, que experimentaram o RU 486 durante vários anos em Genebra, acabaram por abandoná-lo devido aos altos riscos teratogênicos e de câncer hepático, embora novas experiências tenham sido reiniciadas em Lausana(1) . Quanto à associação do RU 486 com prostaglandinas, é tecnicamente duvidosa, porque não se vê como poderia ser substituída a atividade insuficiente de uma molécula com outra molécula de idênticas propriedades. Apesar disso, BAULIEU recebe o prêmio. Não por outra coisa, já que o Sr. BAULIEU é certamente famoso por assumir como próprias descobertas alheias, mas, em nenhum caso por suas próprias invenções. 

A descoberta do receptor de progesterona, feito de todos modos por franceses (CHAMBON, entre eles) seria exemplar mas não determinante, porque BAULIEU é conhecido por sua grande habilidade para ser o "primeiro" em explorar em território francês descobertas feitas em outros lugares, principalmente nos Estados Unidos, onde dispõe de um certo número de "amizades".

Por que tudo isso? Por que nos vemos enfrentados a esta "montagem", a esta promoção de um homem que em si mesmo não é mais que o representante comercial de um produto que não inventou, mas que serve com seu nome a uma causa, permitindo recrutar chefes de serviço que realizem experimentos ? Bem, para outorgar a BAULIEU uma autoridade científica que o torne tabu, que o mantenha protegido por uma distinção, o LASKER, que é, na verdade, para ele a antecâmara do NOBEL...

Porque neste assunto o Sr. BAULIEU não se conduz como um cientista mas como um ideólogo, como o promotor do RU 486, que ele não inventou, mas que ele promove desde que é conhecida sua ação abortiva. 

Quem é o Sr. BAULIEU? É membro de uma dinastia médica. Seu pai, o professor BLUM, ensinou na Faculdade de Medicina de Estrasburgo; sua irmã, a Srta. BLUM, é também médica e pesquisadora num hospital de Paris, e ele mesmo é professor na Faculdade de Medicina de Paris-Kremlin-Bicêtre. Ele é em especial diretor da Unidade 33 do INSERM, chamada "Comunicações Hormonais". Muito ambicioso, ele sonha com deixar um nome na Ciência, como fez PINCUS, de quem é grande admirador, para a contracepção(2). Está muito vinculado ao Sr. SAKIZ, atual diretor e ex-colaborador de R. GUILLEMIN no laboratório de R. COURRIER no Collège de France. É do Sr. SAKIZ, aliás, que BAULIEU obteve o pedido de comercialização do RU 486, faz três anos.

De que se trata?
No livro "ANTIJUSTICE" (Éd.de l'UNI, 1989), Raoul BÉTEILLE estuda um mecanismo extremamente interessante: a dissonância (páginas 21-22)(3).
Há um momento em que se diz a verdade; depois pode se dizer outra coisa e inclusive o contrário, mas continua se fazendo a mesma coisa. Os discursos mudam, mas não a ação nem o método. O que acontece é que se criou um sistema de concepção da vida e de sua reprodução, e um novo vocábulo: a contragestão. "Contra" como em contracepção (que impede a concepção) e "gestão", não no sentido comum e moderno, mas no sentido etimológico que é o de gestação, porque a origem direta de "gestão" é realmente gerere, ou seja, "levar", no sentido de levar no seio uma criança. "Gestare", por outra parte, que em francês deu "gestation" e em português "gestação" (Obs. Fenômeno de desenvolvimento, no útero, do produto da fecundação, e que compreende as fases ovular, embrionária e fetal, até que, finda a última, ocorre o nascimento; gravidez( Novo Dicionário Aurélio Buarque de Holanda . Século XXI), é simplesmente o freqüentativo de gerere 

O que BAULIEU quer fazer com o RU 486, é um contragestivo. Conforme os tempos, muda a apresentação: "O RU 486 se utilizará provavelmente numa toma mensal"(4). Em 1992, o RU 486 já é, em matéria de contracepção, "a única via verdadeiramente lógica", a que "provavelmente se imporá como o método número um" porque é "o único que está baseado nos conhecimentos atuais da biologia molecular"(5).

Atualmente, entretanto, o RU 486 é utilizado apenas como alternativa clínica ao aborto cirúrgico, no marco da lei VEIL-PELLETIER(6). Mas BAULIEU não se detém."É preciso adaptar o medicamento à lei. Ela é limitativa, sem dúvida, mas isso se entende. É bom que as coisas continuem sendo assim durante alguns anos ainda"(7). Ou seja, durante o tempo necessário para que dê frutos a campanha de acosso.
A meta que quer alcançar BAULIEU é o reconhecimento do RU 486 como "contragestivo". O artigo de fundo que lhe dedicou Le Monde em 10-11 de fevereiro de 1985, apresenta o RU 486 como o Sr. BAULIEU quer que seja: um "contragestivo", ou seja, um produto que substitua ao mesmo tempo o aborto e a contracepção. A mulher vai tomá-lo, não já cada dia durante três semanas como a pílula anticoncepcional, mas ao finalizar seu ciclo. Se houve concepção, o feto morrerá e será evacuado; será um aborto. Se o produto foi ingerido antes de uma relação sexual fértil, será contracepção.

Esta é uma verdadeira revolução, ideológica e econômica. É uma revolução ideológica, na medida em que acaba definitivamente com o debate sobre o aborto. Tal é, aliás, a argumentação do Ministro de Saúde Claude ÉVIN, quando se nega a designar uma comissão de pesquisa do RU 486, e ele justifica dizendo : "Seria reabrir o debate sobre o aborto, e isso nem pensar". É possível ser a favor ou contra o aborto, mas o aborto é sempre a eliminação de um ser vivo. Para acabar com o debate reiterativo, é preciso evacuar a existência do aborto. É necessário banalizá-lo completamente. É necessário banalizar, não só o aborto, mas também a idéia de que o aborto é irredutível. E o instrumento desta banalização, é o RU 486. Aliás, será um alívio para muitos médicos que praticam abortos sem boa vontade, porque deixarão para cada mulher a completa responsabilidade pelo auto-aborto(8). A questão do aborto já não estará colocada, como ainda está nos Estados Unidos, onde a campanha presidencial de 1988 se baseou no tema, ou como todas as que seguiram a nível local.
É também uma operação financeira colossal. Caso consigam que a "contragestão" substitua a contracepção, esse fabuloso mercado será internacional, porque o produto substituirá as outras pílulas, contraceptivas. 

Por outra parte, não existe um só país da América Latina que legalize o aborto, e isso inclui os marxistas como Guiana ou Suriname. Tampouco existe na África, onde são os mesmos africanos que exigiram à Convenção Internacional dos Direitos da Criança que se reintroduza a expressão : - A criança, em razão de sua fraqueza, tem direito a uma proteção especial, tanto antes como depois do nascimento.
Mas contorna-se a legislação desses países, violando suas mulheres - fisicamente, fazendo com que tomem um produto abortivo, e na sua consciência, que é naturalmente respeitosa da vida - e é violada sua legislação que proíbe ou reprime o aborto.
Compreende-se melhor, então, vista a importância do que está em jogo, o empenho colocado em conseguir hoje para o Sr. BAULIEU, o prêmio LASKER e, se a comunidade científica não reagir, amanhã será o prêmio NOBEL. É a garantia definitiva. E tanto é o empenho, que pela primeira vez ROUSSEL anunciou uma "Autorização de colocação no mercado" do RU 486 para 23 de Setembro de 1988, quando, apesar de todas as pressões que recebia e de um primeiro parecer desfavorável de sua parte, a respectiva comissão se resistia a dar o acordo, por causa dos efeitos teratogênicos e dos riscos de câncer que apresenta o RU 486. Essa comissão não podia dar sua autorização, anunciada porém, no dia 23 de setembro de 1988 pelo documento que se reproduz em anexo e que é, portanto, falso.
Esta autorização só foi arrancada -- outorgada, diz o texto oficial ! . no dia 28 de Dezembro de 1988 (Dia dos Santos Inocentes!) Foi imediatamente comunicada aos Laboratórios ROUSSEL no mesmo dia, e também no mesmo dia foi assinada a resolução ministerial "relativa à posse, distribuição e administração da especialidade Mifégyne 200 mg, comprimidos" (Myfégyne é o nome comercial do RU 486 na França).

Ninguém reagiu frente a esta falsificação. Nem um legislador interpelou o governo sobre esta prevaricação cometida com a cumplicidade de ÉVIN, quem tinha "cominado" ROUSSEL-UCLAF, no dia 28 de outubro de 1988, a que "reiniciasse a distribuição" do RU 486, por motivos de "interesse da Saúde Pública", depois de que HOECHST, com a maioria na ROUSSEL, decidisse abandonar o RU 486, em 26 de outubro de 1988.

A social-democracia, que se quer impor na França e em outros países, não será uma nova forma de capitalismo de Estado, que incluiria o socialismo do Sr. ÉVIN, a contragestão do Sr. BAULIEU, e os enormes lucros da ROUSSEL UCLAF...?

O assunto é de tanta importância a nível do Estado Francês, que o governo confiou a seus órgãos a proteção desta questão para que seja levada a bom termo, e a missão de neutralizar e eliminar - mas não fisicamente, ainda! - os opositores que pudessem ser eficazes.

A montagem se inscreve exatamente no sentido que dá VOLKOV à desinformação: uma operação indireta. Dizer coisas para influenciar de tal forma que, com um raciocínio justo, possa se chegar a um resultado falso.

Pierre Nemo, Novembro de 1989


ANEXO

A DISSONÂNCIA

Intervém então um mecanismo extremamente interessante: a dissonância. 
As ações conforme a doutrina - sobretudo quando são realizadas desde os postos de comando do poder político finalmente conquistado ou reconquistado, à conseqüência de algum mal-entendido eleitoral (eventualmente provocado pela dupla linguagem ou pelo vácuo voluntário do discurso orientado a seduzir, que é outra forma de mentir), e exercidas com meios poderosos que fazem sentir seus efeitos muito fortes ou muito rápidos - podem muito bem agradar somente quem as anunciou na sua profissão de fé e os bobos, em número ainda insuficiente, que aplaudiram um programa tão sedutor; e contrariamente, podem escandalizar os outros membros da coletividade atacada, em número ainda excessivo, que conservam sua lucidez de toscos e por ela serão chamados .conservadores., embora o senso comum seja sua única riqueza. É, então, indispensável para os operadores que chegaram, ou regressaram, ao poder e começam a trabalhar, dispor de um discurso anódino, tranqüilizador, absolutamente mentiroso (afirmando, por exemplo, que nunca pensaram em liberar um terrorista), sem dúvida oposto ao mesmo tempo à doutrina de base deixada provisoriamente de lado, ao discurso que os bobos confundidos mas estóicos continuam mantendo sem entender, e à ação que também continua. É assim como os operadores podem autorizar-se a suprimir a incomunicação dos detentos mais perigosos, de tal maneira que, sem liberá-los a sangue frio como em 1981, os terroristas encarcerados ou regressados ao cárcere na França desde 1986 se encontrem em perfeitas condições para liberar-se a si mesmos mediante a evasão, ou para concertar-se tranqüilamente sobre declarações coincidentes em seus mínimos detalhes (tornando desde já possível um veredicto final absolutório ou um feliz descumprimento para todos). Caso haver escândalo pelo anúncio de uma medida semelhante, bastará com acalmar a opinião fazendo marcha a ré e praticando o discurso habitual, tranqüilizador e anódino. Sua utilização é corrente, de acordo com o que vemos todos os dias. Tudo isto é .possível., como diz a publicidade de tevê dos trens franceses. E, com efeito, não é muito difícil. Os níveis de ataque não são os mesmos. A ação se faz profundamente: é relativamente subterrânea. O discurso oficial, entretanto, que é protesto de inocência, é absolutamente de superfície. É oficial e superficial. A ação e o discurso dos atores podem então se contradizer. E é normal. Se a explicação dos atos normais se encontra na doutrina, na doutrina se encontra também a explicação da dissonância, que é apenas um ato a mais quando se sabe como recorrer a ela. Evidentemente apta para tranqüilizar alguns e semear ao mesmo tempo a inquietação na mente dos outros (ou para semeá-la na rua, desabonando assim o aparelho estatal, o que sempre é bom para a causa) a dissonância é útil para a ação mesma, a acompanha e a prolonga. Consoante com a doutrina, faz parte de sua aplicação. Como bem sabem os músicos, a dissonância é seguida naturalmente por sua resolução, isto é pelo acorde consoante ao que ela chama. Isso significa que o discurso e a ação acabarão mais cedo ou mais tarde por serem coerentes, para o grande alívio dos bobos. Dito de outro modo: os autores do discurso tirarão algum dia a máscara, quando acreditem que chegou o momento. Mas não é impossível se adiantar e descobrir seu verdadeiro rosto sem esperar esse dia. Basta recorrer à profissão de fé, às proclamações e manifestos anteriores à mentira, os quais, por si sós, explicam a ação e se encontra em concordância com ela. É necessário escrutar as declarações e os discursos feitos antes da ação . ou bem no início da ação . por aqueles que naquele momento dizem sinceramente o que vão fazer. Tal é a regra, já vimos, ali se descobre o calcanhar de Aquiles do inimigo, porque nesse momento está visível. É necessário ler a coisa escrita por aqueles que vão agir e dizem então qual será seu combate. Ali está a verdade. A verdade está em Mein Kampf, não no que se diz mais tarde. O verdadeiro, o que já está sendo feito, não se encontra no discurso de oportunidade passageira, destinado a adormecer a atenção enquanto se transita por tal ou qual etapa decisiva ou delicada. Nesse momento, recorre-se à dissonância.

Raoul BÉTEILLE in ANTIJUSTICE, éditions de l'UNI, 1989.


Notas :
1. EXPERIÊNCIAS NA SUÍÇA : "O Professor Walter HERRMANN que foi o primeiro em ensaiar o RU 486 se mostra muito cético sobre sua utilização". (TRIBUNE DE GENÈVE, 4 de dezembro de 1987). Na sua entrevista, alude às numerosas falhas do RU: associação com prostaglandinas, riscos de má-formação do feto, não interrupção da gravidez apesar da ingestão de RU 486, riscos de hemorragia (até um litro) e de infecção, "liberação da responsabilidade por parte da população".
2. M. BAULIEU é um assessor privilegiado que recebe uma renda mensal dos laboratórios ROUSSEL-UCLAF há aproximadamente vinte anos.
3. Ver Anexo
4. Entrevista no Nouvel Observateur Nro. 1247 de 30.09.88 a 6.10.88
5. Nouvel Observateur, 30 de Abril, 1982
6. Portaria de 28 de Dezembro de 1988 publicada no Boletim Oficial em 12 de Janeiro de 1989.
7. Em Explora Nro.1, Novembro de 1988
8. cf. Pierre NEMO no boletim da associação "La Trêve de Dieu" Out. Nov. 1989: "Médicos : uma ordem sob influência".